Editora:
Alfaguara
Páginas:
152
Lançamento:
2012
Skoob/
Orelha do Livro
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“ Filhos d’alma.
É assim que se chama as crianças geradas duas vezes,
pela pobreza de uma mulher e pela esterilidade de outra. Maria Listru era filha
desse segundo parto, fruto tardio da alma de Bonaria Urrai”
Maria Listru é considerada uma “filha d’alma”. Sendo
a quarta filha de uma família muito pobre e sem condições de sustentar mais uma
criança, aos seis anos foi adotada por Bonaria Urrai, uma mulher misteriosa
mais muito respeitada por todos os habitantes de Soreni.
Apesar de o povoado estranhar a adoção da jovem , com
o tempo todos passam a aceitar essa nova relação. As duas vivem como uma família, Bonaria sempre
incentiva os estudos da menina e a ensina
seu oficio de costureira.
“ E ser simplesmente Maria devia bastar mesmo para
quem quisesse saber mais. O povo de Soreni levou algum tempo, mas finalmente
entendeu a antífona daquela misteriosa liturgia, e de repente foi como se
sempre tivesse sido assim, alma e filha d’alma, um modo menos censurável de ser
mãe e filha.”
Só que Bonaria esconde um segredo, que todos, com exceção
de Maria, parecem conhecer. Ela é uma acabadora, aquela pessoa que acaba com o
sofrimento, que facilita a transição entre a vida e a morte. Com o tempo, Maria
acaba descobrindo esse segredo e inicialmente não consegue entender a importância
desse oficio.
Bonaria é uma personagem muito misteriosa, honesta e
reservada, que só fala o que é necessário e que nos deixa sempre com a sensação
de que está escondendo alguma coisa. Enquanto a Maria é uma personagem muito inteligente,
curiosa, bondosa e inocente.
“ Maria , por sua vez, chegara tarde demais mesmo ao ventre de sua mãe, e desde o inicio tinha se acostumado a ocupar o ultimo lugar nos pensamentos de uma família que já tinha demais para se ocupar. Mas, na casa daquela mulher, ela tinha experimentado a sensação inédita de ter se tornado importante.”
A história se passa a região da Sardenha da década
de 50. Essa região compreende uma das maiores ilhas do Mar Mediterrâneo que
desde 1948 é uma região autônoma da Itália com estatuto especial. Esse livro
retrata muito bem a paisagem de uma
cidade interiorana e rural no século XX, o imaginário popular local e uma tradição secular controversa.
Murgia escreve de forma poética e sensível. Em 150
páginas consegue construir uma história poderosa que extrapola os limites do
espaço-tempo. Não é uma surpresa, o fato de ter sido tão bem aceito na Itália e
ser vencedor dos prêmios Campiello e
SuperMondello de Literatura.
Acabadora é um livro fascinante e intrigante. Permite-nos
conhecer um pouco sobre a bucólica Itália do segunda metade do século XX e
refletir sobre assuntos controversos como eutanásia, culpa e dignidade humana.
Um livro pequeno em páginas, mas enorme
na qualidade.
“Quem nasce órfão logo aprende a conviver comas
ausências, e, tal como aquelas ausências , ela pensava que o luto também devia
durar para sempre.somente quando cresceu e que começou a ver mulheres e filhas
de pai ou marido falecido mudarem de roupa com a mudança de estação.”
Oi, Vicky!
ResponderExcluirNossa, eu tenho esse livro, comprei em uma dessas promoções e até hoje não li. Amo a capa e confesso que depois da resenha, me animou bastante a ler.
Acho que será uma das próximas de março, hein! hahaha
Beijos! <3 :)